quinta-feira, setembro 16, 2004

confissão

Súbito, explodira entre os dois, em nuas verdades ébrias, um intenso banho de volúpia. Amor de incesto, pecaminoso, engolia-os em doces relâmpagos e embriagava os limites do que era proibido. O certo e o errado, agora, bailavam trôpegos como velhos amigos bêbados, entretidos pela crescente música ofegante de pêlos, cheiros, suores e gostos em alquimia. A insônia de seu orgásmico querer-mais vertia-se numa poesia suja, mas efemeramente bela. Por fim, os corpos já eram duas gotas de suor que podiam evaporar em paz.
A cena sangrava às sábias olheiras da lua. Cúmplice, sabia ela que o hoje era ali, e por ora não permitia reflexões ou culpas.

quinta-feira, setembro 02, 2004

fantasma

Desnuda mente fêmea senta-se em meios-duros-fios de esquina. Em morna alvura, contempla plúmbeos belos bailares dos carros pelas vias – veias – da cidade. O asfalto escorre, opaco, plenas e várias sombras, incandescentes pupilas de luz e não-luz. Nas curvas faz-se o rastro, em visco, de seu ir pra não voltar.
Absorta em pensamento de idéias-neblina, ela chora.