terça-feira, março 22, 2005

dentro do labirinto

Sua culpa explodiu em soluços fortes e confusos. Na face trêmula, como num ritual, lágrimas acres rasgavam a feição exaurida pela angústia. A dor refletia-se no horizonte escuro de nuvens vermelhas, roendo a paisagem numa lenta tortura.
– Minha alma é uma árvore desfolhada.
Por mais que o tempo soprasse, o gosto amargo do pranto contido sempre voltava à garganta. Por entre suspiros trôpegos, os dedos suavam gotas de remorso. Em súbita força de ímpeto, correu pelo buraco entre os vazios de luz, e num grito suado, mergulhou ávido no chão distante.
– Que o tempo atravesse-me agudo e indolor.