do amor e do som
Quis uma mulher que me amasse na comunhão silenciosa dos corpos, antes da fala, dentro do som. Sabemos que o amor é o que nos põe loucos. Existimos como o verbo incerto, no início. Insistimos na música, mas outra, agora, para que as flores sejam ainda mais flores, dessa vez. Eis o tempo que se desdobra, trôpego: silêncio. Se ainda ontem quis me exaurir pela escrita, é chegado o momento do caminho, a última cor a seguir. Quis a sacralização de uma dor entre mil outras que virão pelo espaço, é possível? Talvez a clausura dos nomes nos sufoque mais uma vez; esqueça o que lhe disse, não importa. É preciso dar conta do silêncio. É preciso saber ouvir a música. Um acorde é como um vestido para o tempo, sabe? Conseguiremos perceber a pré-disposição para as imagens que carregamos no íntimo? Insistimos na música, mais uma vez, como em qualquer motivo abstrato. Que dizer dessa habilidade incompreensível? É o vício. Se nos incomoda a privação, paciência. Deve-se aprender com a violência. Que dizer das anotações de ontem à noite? Diziam do som: é uma das características mais reais do mundo. Sua presença comunica a própria essência de sua sensação pela forma que adquire no tempo. Como se houvesse formas absolutas, traços compositivos à espera de organização, nosso corpo moldando essa absorção. Percebe? Não é o amor. É o som que nos põe loucos. É o vício.
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