quarta-feira, setembro 21, 2005

ou a longuíssima madrugada

ele segurava uma criança morta
como quem dedilha um arco íris cinza
os olhos úmidos...

para além do gosto amargo de crianças e arco íris mortos
ele caminhava
na rua eterna da noite de pedra
e por trás da paisagem, esfumaçavam palavras lentas de saudade
ele trazia consigo o cheiro daquela criança morta
carregava, pesadamente, esse cheiro azulado
como quem mastiga um pedaço de carne horrivelmente jovem
numa aflição inexperiente,
como quem reprime o próprio sono em vão,
ele seguia um trajeto viciado, qualquer

e a noite abria passagem