terça-feira, maio 30, 2006

sobre um entardecer

O pôr do sol,
de tão próximo e lento me angustia.
O pôr do sol, sobre a cabeça quase quente
e as pequenas esquinas,
e a angústia mínima e alaranjada,
quase quente.
O som do sol, inevitável.
O som do sol, os sotaques estridentes,
uma imensa superfície espelhada,
água enrugada quando o sol respira.
O beijo do sol, quase molhado,
o sol sobre os olhos fechados.
A cor do sol,
antes de qualquer outro dia.
O rastro do som,
rastro do céu do sol,
lentidão das rugas quase estridentes,
estridências do sotaque quase nominal.
A órbita do sol,
as garotas e suas bocas e argolas prateadas,
o som das garotas.
A fragilidade de seus gestos e pulsos, um cheiro do sol.
As garotas,
axilas timidamente expostas,
as vozes estridentes,
o cheiro do sol.
As axilas obscenamente desprotegidas,
o cheiro das garotas,
o rastro dos cheiros.
As ruas sem sol.

segunda-feira, maio 08, 2006

(mote: "perímetro do passo")


O corpo quente, subindo a rua nova, os cabelos com cheiro viscoso e azul claro, a testa escorre, era todo música e dias frios, o corpo quente, uma imensa paisagem que se desdobra, reinício de um ciclo, os outros lugares, tempos e pessoas, pequenas pausas e pequenas gotas de água, perto mas nem tanto, pequenas visões de intimidades desconhecidas, um copo de água, o copo quase, o corpo quente.