sábado, novembro 26, 2005

entre as luzes

De teu lado de fora as luzes se apagaram.
O olhar se esquiva do tempo.
(Como foi mesmo que começou?)
Momentos escurecidos
na música vaga dos passos.
Violenta sugestão dos percursos:
uma pegada a mais é um lugar qualquer.
O ruído de um prólogo extenso,
da noite,
das horas que soam esquecidas,
vem como o lento desabrochar dos outonos.
A cidade dorme entre luzes angustiantes,
o vento atravessa vozes sem rosto.
(Por onde foi que se chegou até aqui?)
Por quantos ontens o dia tem chorado no mesmo tom?
As flores velhas,
como corpos mutilados ao chão,
no silêncio-exercício da espera incontida,
de palavras que ardem no espaço.

Ainda,
em doce vertigem,
o dia parece sorrir para um tempo bom.