segunda-feira, agosto 01, 2005

por algum tempo de silêncio

Uma dor de súbito, na alma crescendo galhos exaustos. Vontade sedenta de voltar, quebrar a redoma de pedra e nuvem e cair suave em terra velha. Saturaram-se os dias de tempo morto, a incerteza ensaiava suas tristes mentiras.
Dias se atravessaram. Sangue doce dilacerado em horas de ócio. E eis que esferas do tempo se chocavam com delicada fúria, os olhos e as flores sobrepostos no passado. Correr por uma rua vazia, imagem mais que ação de reais medos. As sombras evaporadas, desníveis pétreos de uma incerteza maior – vaivém dos ciclos vitais. Boca que sangra, o pêlo se confunde na fome dos sentidos. Antes do nada, ansiedades e questões perdidas em um nunca-hoje. No momento em que o corpo lateja, suando verdades e cansaços, ressurgia uma vez mais a sensação de dias antigos, quando a dúvida que ainda havia apertava o estômago. Agora era um copo de sangue doce, viscoso e abandonado, na luz triste de ruas de pedra, alimentando palavras difusas.
Como uma fotografia em branco, flor, machucada na dureza do espinho. Como um pedaço de vida tropeçado.