segunda-feira, julho 04, 2005

E veio o momento em que a porta se fechou. As cidade as luzes amarelavam olhos, a vida lenta escorria, um zumbido. Nesses instantes de gosto envelhecido, tantas palavras esquecidas de si próprias, amargamente a se tornar ruídos, o tempo não pôde esperar por nós. Chorei. Nas pedras brotaram estilhaços do poema triste, as cores confusas, a porta se fecha com um sorriso de amor perdido. O dia a ventar melodias de compaixão, e pelas esquinas as flores eram manchas no asfalto rude. Quando na cidade passavam crianças chorando, o chão trincava de frio e remorso. Havia arrependimento no olhar das crianças, sofrimento doce de engolir lágrimas derramadas, a dor era vício das incoerências da alma.

Linda fragilidade infantil da pétala, os olhos nunca mornos. Distâncias várias que latejam durante o sono. As bocas irmãs, a esperar o reencontro, solenemente, tornam-se palavra, lapidam-se, reverberam no tempo a recriar o caos, tem-se à frente os olhos cansados, os olhos nunca mortos. A porta está entreaberta.