segunda-feira, maio 30, 2005

pedaços do vento

se todo o tempo do mundo nos fosse suficiente
a eternidade-segundo, delírio do inconsciente
se todas as falas vazias se esfacelassem no elo
que ama na carne que sangra, que dorme no seio amarelo
se o zelo colasse a lágrima e a pétala em ruas extintas
o pêlo suasse verbo, alimento de línguas famintas
se o hoje virasse certeza, as horas se esqueceriam
o tempo perdesse destreza, as noites não devolveriam
o cheiro que o vento me trouxe, e um dia me pode levar
se as léguas que um dia separem não hão de nos evaporar
as gotas desses amanhãs fossem versos no afã de semente
nem todo o tempo do mundo nos seria suficiente