quinta-feira, junho 09, 2005

durante a sombra

uma nota solta atravessa o tempo
melodia nua voa pelo espaço
fragmentos de um compasso que começa
e de passo em passo cresce e segue o traço
sob a meia luz da tarde, cordas soam
sobe o ritmo do tato, costas suam
debruçado sobre o tempo, horas voam
grito surdo do momento, olhos falam
fosse a fala vício insuficiente
o que cala congelasse todo instante
toda lágrima nos lave e leve à frente
nos revele tão mais leves adiante
por um tempo que vá fluido entre as peles
alimente o beijo, cante meu suspiro
e no átomo do hoje ainda zeles
pela última das vozes que eu respiro

(nos lave a chuva, lágrima indolor
nos leve a curva onde a curva for)