quarta-feira, maio 25, 2005

silêncios

O tímido cair da noite chora em respeito à minha dor. Com um ar de dias desbotados, a lágrima engole-se no olho e nega-se ao mundo. Alma desfolhada, cansada, lateja ébria sua exaustão doce.
Para além do elo tácito que nos desune, nossa história engoliu cacos de horas caídas ao chão. O tempo não poderia esperar por nós. Enquanto ela se afastava, o mundo de folhas secas desabotoou-se sob o céu escuro. Embaixo das marquises, a chuva é um amigo mais velho que se compadece e sorri saudades mortas, gritadas de cima das casas molhadas e indefesas.
Entre as paredes e pernas, arrancam-se as blusas, os peitos nus se beijam, os olhos se cruzam, o amanhã não se sabe. A chuva não pode levar a beleza de um dia triste.