sexta-feira, junho 24, 2005

das ruas e dos poros

De toda força orgânica que brota por entre nossos corpos, nas peles que expelem vigor em visco nos poros cansados e famintos, o mundo ao redor se avermelha. Da parede, gotejam frases de amor antigas, que se estilhaçam no vazio do quarto. Algo mais forte germina nas asas que a lágrima molhou, e debaixo da noite se alternam momentos de água e pedra.
Água e pedra que somos, movidos na sede inocente do dia, caminhamos bêbados pelas horas do nunca. As casas e seus eternos restos de sorrisos iluminam a rua molhada. As palavras se prendem na dúvida: pedra e água que somos, em eterno fluxo de formas e versos, sangramos uma poesia bela por ser inconstante, viva por ser temperamental.