sexta-feira, janeiro 21, 2005

insônia

eu confuso
o silêncio é uma voz abafada no escuro
eu oscilo
entre o aqui e o não
ruídos da luz que não me entra por frestas
resta-me a dúvida

arranco fios
noite-em-claros
foi-se aos berros a certeza
eu paradoxo
eterno desencontro de retas
eu alguém
que não conheço
eu esqueço

rota incerta de sede eterna
costas nuas, abertas ao acaso
díspare fera: o hiato
fere e profere a verdade do fato
o septo do alvo
disparo e parada
“fira e confira a ferida”
coágulo ávido a cicatrizar
a dor que não cessa
o óleo escancara

um gole de água já não entorpece as dores
e os vazios
inconstante por natureza
múltiplo por formação
eu