segunda-feira, abril 03, 2006

os sentidos multiplicados

E os sentidos se multiplicaram,
vieram as águas quentes e se reproduziram as cores.
Vieram também as nuvens mais brancas.
Como num espaço agora quase incompleto,
vazio,
ressoou a música do infinito.
Vieram os silêncios doces, os passos tranqüilos
(algum cansaço, por certo)
os dias em que o olhar se tornava tátil.
Houve uma longa caminhada;
depois do tempo,
o alívio,
o respiro de um momento que se quer prolongar.
Talvez venham as árvores a se tornarem
imensamente delicadas,
e a brisa passeie por entre os galhos
e os dedos.
E o amor que me terás,
ao mundo será como um entorpecer de imagens,
e às tardes outrora azuladas
virão o tempo da pétala e dos passos.

Meu amor é uma vertigem.
E o amor que te tenho é um poema inexperiente,
pedra inundada em sentidos de flor. Sempre
e enquanto seja
sempre na igual fome e apreensão de atirar-se ao vazio,
ao vento,
por onde o acaso intente levar.

O meu amor são sentidos que se multiplicam de um extremo ao outro